Olá, pessoas, tudo bem? Espero sinceramente que sim. Espero também que você tenha tido um Natal tranquilo.
Ultimamente ando muito reflexiva quanto a essa questão de tudo estar muito acelerado. Queremos resolver tudo rápido, uma quantidade absurda de informações nos consome diariamente, fazendo com que achamos que estamos ficando para trás em alguma coisa. A nossa ansiedade que lute!
A campanha de fim de ano da Vivo (Telefônica Brasil) também abordou essa questão da “aceleração” com o slogan “Tem tempo pra tudo”. Em um dos vídeos da campanha, mandam o recado: “Que em 2024, a gente possa fazer cada uma das mil coisas que a gente faz, uma de cada vez, e inteirinhas… Tem tempo pra tudo.”
Recentemente, terminei de ler o livro O Ato Criativo: Um modo de ser, do Rick Rubin, produtor musical americano vencedor de 9 Grammys que trabalhou com grandes artistas como Paul McCartney, Eminem, Red Hot Chilli Peppers e muitos outros. Neste livro ele conta experiências pessoais e dá dicas para as pessoas conectarem-se com a criatividade. O livro é dividido em reflexões que permitem superar bloqueios e desenvolver capacidades.
Uma dessas reflexões segue abaixo, na íntegra. Na edição que tenho, está na página 81.
Distração
A distração é uma das melhores ferramentas disponíveis para o artista quando usada habilmente. Em alguns casos, é a única maneira de chegar ao destino.
Ao meditar, assim que a mente se acalma, a sensação de amplitude pode ser ultrapassada por uma preocupação ou um pensamento aleatório. É por isso que muitas escolas de meditação ensinam os alunos a usar mantras. Frases automáticas que são repetidas uma e outra vez, deixando pouca margem na mente para pensamentos que nos tirem do momento.
O mantra é, portanto, uma distração. E enquanto certas distrações nos podem tirar do momento presente, outras podem manter o nosso lado consciente ocupado, de modo que o inconsciente esteja livre para trabalhar para nós. Os komboloi, os terços e ou as japamalas funcionam da mesma maneira.
Quando chegamos a um impasse em qualquer ponto do processo criativo, afastarmo-nos do projeto de modo que criemos espaço e permitamos que uma solução apareça pode ajudar.
Podemos ir resolvendo tranquilamente um problema no fundo da nossa consciência, em vez de o colocarmos à frente de tudo. Dessa forma, podemos tê-lo presente, ao longo do tempo, ao mesmo tempo que executamos outra tarefa simples e não relacionada com o mesmo.
Por exemplo: conduzir, caminhar, nadar, tomar banho, lavar louça, dançar ou empreender qualquer atividade que possamos realizar em piloto automático. As vezes, o movimento físico pode incitar a mobilização das ideias. Alguns músicos, por exemplo, escrevem melhores melodias enquanto conduzem do que enquanto estão sentados numa sala com um gravador ligado. Este tipo de distrações mantém uma parte da mente ocupada, enquanto a restante parte permanece disponível para receber o que quer que seja. Talvez este processo de pensamento irracional nos permita aceder a uma parte diferente do nosso cérebro. Uma parte que, em vez de ver um caminho a direito, vê vários ângulos.
A distração não é procrastinação. A procrastinação enfraquece de forma consistente a nossa capacidade de fazer coisas. A distração é uma estratégia ao serviço do trabalho.
Eu grifei essa reflexão, pois sabia que voltaria a ela em algum momento. Por isso, a lição que fica é: seja distraído(a) quantas vezes for necessário. De que adianta estar 100% focado (ou achar que está) e nada ser produzido? De que adianta atender uma demanda “pra ontem” que não vai resultar, você não vai ficar satisfeito com o que produziu e, como “bônus”, vai receber um feedback negativo que, consequentemente, irá ativar a sua Síndrome de Impostor?
Como bem diz o título deste singelo artigo, desligar é a melhor forma de engrenar.
Desejo um 2024 com muita saúde, felicidades e distrações para todos!
Até o próximo artigo!